terça-feira, 14 de outubro de 2014

OS BENEFÍCIOS DO TRATO COM O CONTEÚDO NATAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

OS BENEFÍCIOS DO TRATO COM O CONTEÚDO NATAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Urânia Andrade Fonseca[1]

A prática de qualquer exercício físico é essencial para a saúde do ser humano. Como uma prática corporal importante para o deslocamento no meio aquático, a natação fez-se como prática sistematizada e presente ao longo da humanidade.
Por essa relação tão familiar com o meio liquido, pois temos esse contanto desde o ventre da nossa mãe.  Consideramos que a natação pode ser inclusa na vida dos nossos alunos desde pequeno nos primeiros meses de vida - inclusive, há experiências de natação com recém nascidos.  Além de ser uma atividade física sistematizada, a natação favorece a tomada de consciência da criança em relação ao seu corpo, em relação ao meio, ao grupo e à sociedade.
O trabalho com o conteúdo natação no ensino fundamental pode se constituir como um excelente elemento para iniciar a criança em uma aprendizagem organizada em seu desenvolvimento.  Para que a criança tenha um desenvolvimento adequado, é preciso trabalhar o comportamento motor, cognitivo e afetivo. Conforme Santos (1996), a atividade lúdica, livre e criativa é necessária para que a criança possa atingir seu desenvolvimento pleno, dessa forma, as aulas devem ser divertidas, agradáveis, gerar satisfação e realização.
Ela se torna um conteúdo importante porque proporciona à criança o reconhecimento do seu corpo no meio líquido, bem como melhora a sua aptidão física e a sua relação socioafetiva. Pode-se dizer que o desenvolvimento na água ocorre de acordo com sua maturação, com aprimoramento de seus reflexos e de sua coordenação. Isso faz com que essa criança aprenda de uma forma lúdica a como se comunicar com outras pessoas.
A prática da natação nas aulas de Educação Física no ensino fundamental deve ser inclusa em todas as escolas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os conteúdos a serem trabalhados na Educação Física do Ensino Fundamental estão divididos em três blocos: conhecimento sobre o corpo; atividades rítmicas e expressivas; e o bloco dos esportes, lutas, jogos e ginástica (BRASIL, 2000). A natação encaixa-se neste terceiro bloco, pois se constitui como um esporte, como uma antiga prática corporal apropriada hoje para o lazer ou para a recreação, bem como é considerado um exercício físico dos mais completos. Para Bento (2002), no momento em que interagem com as crianças, os/as professores/as fazem do ambiente lúdico um momento de evolução e de crescimento infantil.
Quando o professor está com o aluno no ambiente liquido, a criança aumenta o veiculo afetivo com o professor, o que facilita o aprendizado, como também, por ser um ambiente diferente do cotidiano, se sente mais segura, com esta presença, para realizar as atividades propostas.
Segundo Monteiro e De Paula (2007, p. 422) o ambiente aquático estimula o desenvolvimento corporal ao provocar movimentos de intensidades e amplitudes diferentes, os quais, muitas vezes, não podem ser efetuados no solo. Para estes autores, a natação atua também no âmbito psicológico, pois proporciona controle do medo à água e, ainda, contribui para a distinção de diferentes objetivos, espaços e pessoas. Crianças na faixa etária entre seis a dez anos de idade (alunos do ensino fundamental) que praticam a natação apresentam desenvolvimento significativo no que diz respeito às suas capacidades motora, afetiva e cognitiva. Este grupo pode ainda explorar e vivenciar suas probabilidades, além de melhorar seu sistema cardiorrespiratório, coordenação, equilíbrio, agilidade, força, velocidade, habilidades, percepção tátil, auditiva e visual, noção espacial, temporal e ritmo, além da sociabilidade e autoconfiança
         Neste sentido, a prática da natação aliada à estimulação de habilidades, respeitando as fases sensíveis da formação, a individualidade de cada um e o ensino adequado e programado, proporciona o desenvolvimento multilateral da criança, contribuindo para sua formação geral bem como para o aprendizado de uma modalidade esportiva que ele poderá praticar no decorrer da vida, seja para o esporte ou para outra modalidade esportiva.
Questões problematizadoras:
Ø  Como tratar a natação como um elemento da cultura corporal? Que conceituações são necessárias para isso?
Ø  Como trabalhar pedagogicamente com a natação de forma lúdica?
Ø  Como adaptar materiais para o ensino da natação na escola?
Ø  Como avaliar as aulas no trabalho pedagógico com a natação?
           
Referências

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física/ Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília. MEC/SEF, 2000.

SANTOS, C. A. Natação: ensino e aprendizagem. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

SELAU, BENTO. O comportamento lúdico infantil em aulas de natação. Porto Alegre; 2002.

MONTEIRO, David; PALMA, Alexandre. . Motivos que justificam a adesão de adolescentes à prática da natação: qual o espaço ocupado pela saúde? , Rio De Janeiro, 2007.



[1] Discente do curso de Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/Centro de Formação de Professores (UFRB/CFP) e Bolsista do subprojeto de Educação Física do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID).

sábado, 11 de outubro de 2014

FUTEBOL É COISA DE MENINO?!


 
Em festa de aniversários é muito comum os presentes se repetirem. Geralmente os meninos ganham bolas e meninas ganham bonecas, mas, por que será que as meninas não ganham bolas, uma vez que, as brincadeiras são práticas que deveriam ser comuns a ambos os gêneros? 

O futebol está muito presente nas brincadeiras das crianças brasileiras. Os meninos começam a jogar bola desde cedo, na tenra idade eles recebem incentivos para a prática despertando a vontade de serem jogadores de futebol, craques e superatletas desta modalidade. 

Por outro lado, as meninas recebem bonecas como presentes para que desde cedo aprendam o exercício do cuidado da casa, de crianças e, assim, possam cuidar dos filhos e serem “donas de casa”. Apesar desta pedagogia cultural intensa não é difícil encontrarmos meninas brincando juntamente com meninos nas ruas, campinhos, becos ou qualquer espaço no qual seja possível “rolar uma bola”. Todavia essas meninas quando desempenham o mesmo papel que exercem nas brincadeiras de rua nos ambientes escolares são classificadas como moleque macho ou machonas. 

O futebol e o futsal assumem papel de destaque na escola por serem modalidades de esporte que a maioria dos meninos se identificam. A mídia enquanto instrumento de divulgação e perpetuação de ideologias exerce grande influência sobre a preferência dos meninos sobre essas duas modalidades esportivas, uma vez que são as mais divulgadas pela mesma. A prática do futebol faz parte do cotidiano dos/das brasileiros/as, esta paixão rotineira invade também os ambientes escolares, sendo assim é comum os professores de Educação Física vivenciarem cotidianamente situações referentes a prática do esporte. 

Os professores de Educação Física ressaltam que, ao entrarem nas salas de aula, os/as alunos/as cumprimenta-os com a seguinte pergunta: “Professor/a vai pra quadra? Vai ter baba hoje?”. Mesmo com toda essa paixão, as meninas ainda são educadas a preferir pular corda ou a assumir o posto da arquibancada que adotavam no início do século XX, onde ficavam “[...] sentadas, abrindo e fechando os leques, sérias, sorridentes, quietas, nervosas, como que ficavam em exposição [...]” (FRANZINI, 2005). Em geral, percebe-se que são poucas aquelas que não ficam de lado e/ou que reiteram a importância da vaidade de não suar, não bagunçar o cabelo, etc. Justificativas para não se entregar àquela aula em que o mais importante é chutar a bola no fundo da rede. 

As mulheres são historicamente ensinadas a assumirem lugares alheios ao da paixão da prática pelo futebol, pois “jogar bola é coisa de homem”. A prática do futebol era proibida ao gênero feminino, como dizia no artigo 54 do Decreto-Lei 3.199 de 1941 “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.” (BRASIL. Lei nº 3.199, 1941.), sendo o futebol considerado como “esporte masculino”. 

Porém através de muitas lutas as mulheres conseguiram seu espaço no esporte. Entretanto essa conquista não foi suficiente para elas serem reconhecidas como capazes de desempenhar uma mesma atividade tão bem quanto os homens. As mesmas são consideradas frágeis e incapazes de serem atletas futebolísticas. 

Ainda prevalece a ideia de que quando as mulheres se destacam no jogo de futebol serem nomeadas pelo nome de jogadores homens: “Olha só a Neymar da escola...”. Mesmo jogando bola tão bem quando os homens, as mulheres não têm seu reconhecimento, infelizmente o machismo ainda entra em campo.



REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 3.199, DE 14 DE ABRIL DE 194.


FRANZINI, Fábio. Futebol é "coisa para macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.25, n.50, Julho/Dezembro, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882005000200012>. Acesso em: 22 de maio de 2014.

sábado, 6 de setembro de 2014

Discussão do PPP da escola Julival Rebouças

No dia três dos nove de dois mil e quatorze no Centro de formação de professores na sala 14, recebemos  Miraildes formada em geografia e coordenadora da escola Julival Rebouças, Ivana formada em pedagogia e também coordenadora e Cacau na função de pai de um dos alunos da escola para que os mesmos falassem sobre a construção do PPP da escola na qual fazem parte, escola esta, Julival Rebouças anteriormente uma escola particular hoje faz parte da rede municipal com ensino fundamental durante o dia e EJA a noite, 54 anos de existência e 1400 alunos.
De inicio falaram sobre o PPP, sua função e o espaço que ocupa na escola de maneira geral depois adentraram nas especificidades da escola Julival. Segundo o relato dos mesmos a escola já teve 3 PPP, sendo que eles não tiveram acesso aos anteriores e estão reformulando o segundo desde 2011 com o apoio de todos da comunidade escolar utilizando o livro do instituto Paulo Freire como base, nos falaram sobre as dificuldades e angustias durante a construção do PPP na escola.

Foi uma conversa bastante produtiva a qual tivemos a oportunidade de ter contato com pessoas que estão construindo um PPP em uma escola mesmo com tanta dificuldade.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A IMPORTÂNCIA DA DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.


Catiana Nery Leal[1]

A Dança, enquanto conteúdo da disciplina Educação Física escolar, vem sendo um dos conteúdos menos trabalhados nas aulas deste componente curricular (RECHIA, S, DRA. et al. 2012). Sua presença, quase sempre, se restringe a apresentações em comemorações festivas durante o ano letivo, principalmente, nas festas juninas e as de finais de ano.
Esta situação deixa dúvidas de que este conteúdo não se posicione de modo pedagógico na escola, ou seja, conteúdos a serem ensinados no contexto escolar. A dança é uma manifestação que ocupa um espaço significativo em nossa cultura, se constitui de diferentes formas, em diferentes épocas e com significados diversos. Essa constatação indica sua relevância social e sua importância enquanto conteúdo escolar.
Mesmo com todas as problemáticas envolvendo este conteúdo da cultura corporal, a dança é um elemento importante na construção das manifestações corporais, na cultura, nas representações sociais, na arte, nas representações humanas. Por isso, deve ser tratada na escola, em todas as suas dimensões e possibilidades, preferencialmente, de modo contextualizado, aproximando-se da realidade social do aluno. Assim, explorando os amplos conhecimentos representados na cultura da dança, a Educação Física escolar estimularia a reflexão crítica dos alunos e possibilitaria o acesso a este importante conteúdo.
Nessa perspectiva, a dança é um elemento fundamental na composição do planejamento escolar, na construção cidadã dos alunos, na construção e ampliação de saberes e no desenvolvimento corporal. Segundo Pereira (2001):

[…] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprio e/com os outros, a explorarem o mundo da emoção e da imaginação, a criarem, a explorarem vários sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio  dessas atividades” (PEREIRA, R.2001, p.61).

Assim como Pereira (2001), compreendo e reitero o papel formativo das práticas corporais da dança escolar, pois os alunos também se expressão através da linguagem corporal. É por meio do corpo, dançando, que os sentimentos se integram aos processos mentais, facilitando a compreensão do mundo de forma artística e estética.
A dança é uma das expressões mais significativas que integra o campo de possibilidades artísticas, contribuindo para a ampliação da aprendizagem e a formação humana. É preciso compreender que a dança é tão importante quanto qualquer outro conteúdo ensinado nas aulas de Educação Física, por isso, sua presença resignificada no currículo desta disciplina é urgente. Cabe resaltar que a intencionalidade pedagógica não deve ter como finalidade a formação de um “bailarino” na escola, precisa apenas libertar os movimentos e trabalhar as expressões do corpo por meios dos ritmos, sons e conhecimentos construídos culturalmente pela arte da dança, inserindo, progressivamente, conhecimentos relacionados às técnicas dos diferentes estilos.
O trabalho pedagógico com a dança deve valorizar os seus limites e possibilidades sem o compromisso em acertar ou errar, pois o objetivo é levar os alunos a descobrirem habilidades que desconhecem, vivências rítmicas, os contextos histórico-culturais, a reeducação postural, entre outras.
Ao pensar nesse conteúdo no contexto escolar, devemos ter como prioridade compreender a importância de uma prática que respeite o corpo e a liberdade de expressão dos alunos. Por isso, na escola não se deve procurar a perfeição ou a execução/reprodução de movimentos. O objetivo é promover os conhecimentos que a atividade criativa da dança estimula ao aluno, ou seja, ensinar e aprender a dança envolve criações, expressões, o conhecimento do próprio corpo.

            Esta tarefa demanda dos professores de Educação Física muita reflexão, estudo e pesquisa, pois os alunos não podem ser prejudicados aprendendo apenas aquilo que os professores têm mais afinidades, resumindo o currículo escolar em um único estilo que se repete todos os anos. O desafio é proporcionar o máximo de vivências corporais possíveis, transformando as aulas em um verdadeiro laboratório de criatividade.


Referências


PEREIRA, S. R. C. et al., Dança na escola: desenvolvendo a emoção e o pensamento. Revista Kinesis, Santa Maria, n. 25, p.60- 61, 2001.
MARQUES, I.A. Dançando na escola. Sao Paulo: cortez, 2005.




[1]Discente do curso de Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/Centro de Formação de Professores (UFRB/CFP) e Bolsista do subprojeto de Educação Física do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014


Lutas como conteúdo das aulas de Educação Física



Paula Cristina Santos Silva



As lutas fazem parte da cultura corporal, sendo assim, são conteúdos que podem (e deveriam) ser ensinados nas aulas de Educação Física. Segundo os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais (1997):

As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê. (PCN, 1997, p.37)

Podemos observar que este conteúdo, como os outros, requer reflexão cuidadosa na seleção e em seu tratamento pedagógico, visto a riqueza de manifestações que compõem as Lutas. Ao mesmo tempo, sua relevância social demanda que a escola ofereça condições para que os alunos se apropriem dos fundamentos teórico-prático deste conteúdo clássico da cultura corporal. Entretanto, esta não é uma tarefa fácil, já que há muitos preconceitos que perpassam este conteúdo, que geralmente está às margens dos planos de ensino de professores.
Desta forma, os professores negam os conhecimentos referentes às lutas, e que podem ser construídos através dela, por variadas motivações, como aponta Ferreira (2009):
São vários os embates acerca dessa temática, onde podemos citar algumas, como o que ocorre durante a formação dos professores, onde geralmente é enfatizada a técnica, a execução prática das lutas nos programas e cursos superiores, sendo deixado lado os conhecimentos sobre os fundamentos filosóficos das lutas por exemplo, ou ainda  deixar o “saber a prática” ser mais importante do que conhecer os conteúdos e em que as lutas podem contribuir para a formação dos alunos enquanto indivíduos emancipados. A necessidade de conhecer sobre o tema, implica na forma de fazer avaliação em sala de aula, até para avaliar as dificuldades dos alunos, tanto nas práticas quanto em alguma questão teórica. (FERREIRA, 2009, p.3)
Nesse sentido, as dificuldades e conflitos enfrentados pelos professores são acentuados, em função de haver medo de trabalhar/tratar o conteúdo. Entre outros motivos, destaca-se a técnica ou a “falta” dela, que apesar de ser tratada na graduação, segundo os professores, se dá de modo insuficiente.
São vários os temas contemporâneos vinculados às lutas, um deles é o tratamento atual de um modo geral dado às lutas, principalmente pela mídia, sendo divulgada como forma de violência, ou ainda sendo meios de garantir altos lucros, como o MMA (Artes Marciais Mistas), que movimenta um rendimento alto com patrocínios, e grandes marcas envolvidas, se tornando esporte-espetáculo, e é talvez o mais conhecido atualmente pelas pessoas, por ser mais veiculado.
A principal mistificação referente a esse conteúdo da cultura corporal é a ligação que é atribuída entre lutas e brigas, muitas vezes divulgada pela mídia. Este é um dos fatores que fazem com que esse conteúdo da cultura corporal seja negado em grande parte das aulas de Educação Física, pela ideia predominante que essas práticas poderiam estimular brigas nas escolas, aliado ao estresse cotidiano vivido pelos alunos, e às estatísticas que apontam um alto índice de violência no ambiente escolar. Por sua vez, entendemos que os preconceitos e equívocos só serão superados se este conteúdo for tratado nas aulas, possibilitando que os alunos tenham acesso ao conhecimento científico da área.
A falta de materiais para o estudo relacionado às lutas também é um ponto que dificulta o processo. É necessário que os educadores tenham uma visão otimista e vontade de transformação, e assim buscar através de estudos e leituras o conhecimento, fazendo com que este desenvolva estratégias para apresentar os temas referentes a este campo da cultura corporal.
Nessa perspectiva, as aulas devem priorizar o conhecimento conjunto, onde os professores podem promover diálogos, onde os alunos possam expor seus conhecimentos sobre o conteúdo, onde a partir disso o professor irá problematizar esses conhecimentos, fazendo com que haja reflexão e interesse de aprender mais.
O professor deve disponibilizar instrumentos para que os alunos possam demonstrar o aprendizado através do conteúdo e construírem práticas que demonstrem o que irão fazer a partir da nova visão, do novo saber, ou do saber transformado.
Observando um pouco sobre o princípio que rege a pedagogia das lutas, podemos perceber que é priorizado o diálogo, para que através desse haja entendimento da diferença entre brigas e lutas, dando espaço aos alunos se comunicarem, e que eles próprios façam uma reflexão a cerca da diferença entre essas duas manifestações, para que assim os alunos possam praticá-las, aproximando-se uns dos outros, permitindo o toque corporal entre os colegas através de atividades que envolvam os alunos, promovendo o respeito mútuo e o respeito com o colega.
O contato físico também pode ser um contribuinte para as lutas, que geralmente é tido como impossibilitado durante as outras práticas corporais. Assim como o conhecimento dos vários tipos de lutas, suas particularidades e suas regras, optando por boas estratégias, a aula de Educação Física pode oferecer espaço/tempo para a vivência deste contato, inclusive tencionando para uma significação, e, possivelmente, contribuindo na participação daqueles que se negam a participar das outras práticas corporais.
Temos ciência que não é fácil introduzir as lutas nas aulas de Educação Física, conforme apresentamos aqui. Porém, nós, professores, devemos encontrar meios para diversificar os conteúdos, apresentar o novo aos alunos, garantindo o acesso aos principais conhecimentos da cultura corporal, promovendo a reflexão, o desenvolvimento e o aprendizado através das lutas.


SUGESTÕES DE VÍDEOS




QUESTÕES  PROBLEMATIZADORAS

  • Como conheceu as lutas?
  • É possível fazer lutas na sua escola?
  • Quais maiores dificuldades na sua opinião, para a realização das aulas de lutas? 



REFERÊNCIAS UTILIZADAS

FERREIRA, H. S. A utilização das lutas como conteúdo das aulas de educação física. Revista digital Efdeportes.com. Bueno Aires, ano 13, n. 130, março de 2009.
Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd130/lutas-como-conteudo-das-aulas-de-educacao-fisica.htm acessado em : 25 de Fevereiro de 2014.

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Educação Física. Brasília: MEC/SE, 1997. 96p. 

RONDINELI, P.Lutas não é violência: A importância das lutas nas aulas de educação física. Disponível em: http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/luta-nao-violencia-importancia-das-lutas-nas-aulas-.htm .Acessado em: 27 de Janeiro de 2014.


PARKOUR

Franciele Couto Sandes

 O Parkour é uma manifestação da cultura corporal que teve origem na França nos anos de 1980. Baseando-se no método natural, desenvolveu-se a partir de habilidades desenvolvidas através das atividades rotineiras. O método foi dividido em dez habilidades: andar, correr, saltar, escalar, equilibrar-se, arremessar, levantar, lutar, nadar e quadrupedia. Foi David Belle que fez adaptações de algumas técnicas e passou a se dedicar e treinar os movimentos, ele já havia praticado ginástica e atletismo, o que o ajudou na execução dos movimentos, e não podemos deixar de citar que seus parentes também tinham relação com o esporte. Sua principal brincadeira quando criança foi um dos fatores primordiais para a criação do Parkour.

Minha história começa em Lisses, França, onde, quando crianças, eu e meus amigos simplesmente começamos a seguir nosso desejo natural de correr pular e brincar; encontramos maneiras diferentes de nos locomover pela nossa cidade natal, ao invés de andar nas calçadas como todos faziam. Nós pulávamos em paredes, grades, pequenos postes... Mas, enquanto a maioria das pessoas abandona estas brincadeiras quando chega a idade adulta, nós continuamos. (FOUCAN, 2008, p.05).

            A cidade onde o Belle morava, Lisses (França), era um subúrbio onde havia muita violência. A enorme diferença ente as classes sociais fomentava a gritante violência, presente principalmente nos bairros mais pobres. Isso contribuía para que as crianças se movimentassem com velocidade para protegerem-se da violência existente no local.
Segundo David Belle, “o espírito no Parkour é guiado em artes a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência”.
O Parkour tem como objetivo superar os próprios medos dos praticantes, enfrentar os desafios que surgirem no dia a dia, ultrapassar os muros, os medos, a insegurança, utilizando para isso movimentos naturais do corpo humano, como correr, saltar e escalar, em associação com técnicas específicas que melhoram o desempenho do praticante perante o ambiente, visando pouco gasto de energia e ganho de tempo. Trata-se de uma prática que explora todo o potencial de quem pratica. Há necessidade de desenvolver o corpo que é usado como única ferramenta para a atividade do Parkour.
 De acordo com Bianche apud Cássaro (2008), quem pratica o Parkour ganha o nome de traceur para o sexo masculino, e a traceuse para o sexo feminino. Este nome é derivado de tracer, que significa ir rápido. É essencial para um bom desempenho das atividades terem cautela nos movimentos, é preciso observar três restrições: analisar a capacidade de realizar o movimento, se realmente está preparado; o nível de complexidade que o movimento exige; e analisar o ambiente em que será executado, se é um ambiente rotineiro ou se é um local novo, esses aspectos podem influenciar na segurança e no movimento que será executado.
O Parkour chega ao Brasil por volta de 2004 através da internet, jovens de São Paulo e Brasília começaram a estudar sobre a modalidade, assistiram vídeos na internet criados por Devid Belle e começaram a imitá-lo. Com o conhecimento da modalidade, comunidades foram sendo criadas com o intuito de passar o conhecimento para outras pessoas que se interessassem pelo esporte e, por ventura, quisessem participar. A modalidade enfrentou preconceito da sociedade, os praticantes eram confundidos como vândalos, pois sua prática ocorria em locais singulares e não convencionais. Atualmente, graças principalmente à mídia, o Parkour vem conquistando seu espaço, por ser um esporte novo, que atrai o público jovem. O esporte já vem marcando presença em filmes, em teatro, vídeos na internet e programas televisivos.
O curioso é que as exibições espetaculares do Parkour são um dos principais elementos na popularização dessa prática, inclusive no que diz respeito aos seus ideais de elevação espiritual e filosofia de vida. Incríveis demonstrações de David Belle em vídeos na internet ou em produções ou em produções do cinema, como o que ele protagoniza um filme publicitário de canal BBC ou no filme B13 13º Distrito (em que ele interpreta o personagem Leito), são uma das reconhecidas fontes de disseminação do Parkour. Depois disso, até James Bond, o imortal agente secreto britânico, deu mostras de ter se interessado pela “arte do deslocamento”, como também é conhecido o Parkour. Em 007 e Cassino Royale, Bond valeu-se das técnicas de parkour para perseguir um criminoso, que por acaso, ou nem tanto, é interpretado por Sebastien Foucan. (DIAS, 2011).

Visando a disseminação que o Parkour está tendo, podemos pensar em possibilidades de sua inserção no âmbito escolar. A escola é um lugar que favorece novas experiências, nada melhor que um novo esporte direcionado ao público adolescente, que pode despertar do interesse pelas aulas de Educação Física. É importante ter paciência e fazer as coisas com cautela para que não ocorra nenhum acidente. É preciso tomar alguns cuidados para praticar à modalidade, tais como: usar alguns equipamentos de proteção, capacete, joelheira, cotoveleira, é necessário que esses equipamentos não atrapalhem o movimento das articulações. Ter ao chão tatame para diminuir o impacto em caso de quedas e aprender técnicas de queda podem contribuir para evitar possíveis lesões. A utilização de roupas leves e tênis são essenciais para a proteção do praticante e para um bom desenvolvimento dos movimentos que serão executados.

SUGESTÕES DE VÍDEOS

QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS
·         Através do que você conheceu o Parkour?
·         Quando você pensa em Le Parkour o que vem em sua cabeça?
·         Você acha possível à prática de Parkour na sua escola? Cite as possíveis dificuldades que serão encontradas.

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

BONETTO; P. X. R. “Le” Parkour no Júlio: um relato de “transformação” curricular. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.gpef.fe.usp.br/semef2012/relato_Pedro_Bonetto_Le_Parkour.pdf> acessado em 27 de janeiro de 2014.

CÁSSARO, E. R. Atividades de aventura: aproximações preliminares na rede municipal de ensino de Maringá; Universidade Estadual de Londrina: Londrina; 2011.

DIAS, C. História(s) do Sport: Percurso do percurso. Disponível em: <http://historiadoesporte.wordpress.com/2011/01/24/percursos-do-percurso/> acessado em 27 de janeiro de 2014.

LORDÊLLO, A. F. Abordagem histórico-crítica do Parkour, seu processo de expansão e realidade na cidade de salvador/BA; UFBA: Salvador, 2011.


STRAMANDINOLI, A. L. M.; REMONTE, J. G. MARCHETTI, P. H. Parkour: História e conceitos da modalidade. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – v. 11, n. 2, 2012, p. 13-25.


terça-feira, 29 de julho de 2014



A importância do aquecimento nas atividades físicas
                                                                                 Edinéia Jesus da Cruz[1]

      O aquecimento é a primeira atividade normalmente praticada antes das atividades desportivas ou exercícios físicos. Essas técnicas de aquecimento são necessárias para preparar o corpo para a atividade, aumentando o desempenho e diminuindo o risco de lesões.  Segundo Alencar e Matias (2010):
O aquecimento tem o potencial de melhorar o desempenho na prática esportiva porque permite a adaptação mais rápida do corpo ao estresse do exercício e, consequentemente permitindo maior tempo de estado estável do exercício e/ou melhorando a capacidade de concentração nas habilidades adicionais que devem acompanhá-lo.

    O principal objetivo do aquecimento é preparar o organismo para o esporte/atividades físicas, seja nas aulas de Educação Física, no lazer ou nas competições, alcançando assim o estado físico e psíquico demandado na atividade, preparando o corpo para os movimentos pouco habituais e, principalmente, objetivando prevenir lesões.
Dessa forma o aquecimento proporciona muitos benefícios, seja antes das competições ou mesmo antes das aulas nos ambientes formais e não formais, na experiência dos diferentes conteúdos da cultura corporal como na Dança, no Judô, na Capoeira, na Ginástica, no Basquete, no Voleibol entre outros.
Para Matias e Alencar (2010), o aquecimento pode promover vários benefícios, dentre eles se destacam:

  •   Aumento da temperatura muscular e do metabolismo energético;
  • Aumento da elasticidade do tecido (os músculos, os tendões e os ligamentos tornam-se mais elásticos, o que proporciona diminuição do risco de lesão);

  • Aumento da produção do líquido sinovial (aumentando a lubrificação das articulações);

  • Aumento do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo periférico;

  • Melhora da função do sistema nervoso central e do recrutamento das unidades motoras neuromusculares;
  •   Redução da atividade da fibra gama e, consequentemente, a sensibilidade do fuso muscular e aumenta a sensibilidade dos OTGs (Órgãos Tendinosos de Golgi) contribuindo para o relaxamento muscular.

Essas atividades preliminares podem ser divididas em aquecimento geral e aquecimento específico.  A diferença entre ambos é que o aquecimento geral trabalha com exercícios envolvendo grupos musculares, pois o seu objetivo é aumentar a temperatura corporal fazendo com que a musculatura fique mais elástica, com o intuito de evitar lesões e preparar o sistema circulatório e respiratório para o desenvolvimento da atividade física. Já o segundo trabalha com partes especificas do corpo para atividade física, ou para trabalhar tipos específicos de movimentos, ou seja, os exercícios devem utilizar a musculatura exigida no esporte/atividades físicas que será realizado/vivenciado em seguida.
Durante as aulas de Educação Física, muitos alunos apresentam resistência em participar das aulas, seja por auto-exclusão, pela falta de estratégias pedagógicas motivadoras, questões de gênero, entre outros fatores, porém, a respeito do aquecimento orientado, cabe a cada professor desenvolver estratégias que motive os alunos a participar, como por exemplo, em uma aula que o conteúdo seja Ginástica, o professor pode iniciar a aula com um jogo ou brincadeira, assim, sem perceber, os alunos estarão aquecendo os grupos musculares específicos que serão exigidos posteriormente. A depender do nível de ensino, o professor também deve estar orientando seus alunos sobre a importância do aquecimento como atividade preparatória para o corpo antes das aulas teórico-práticas, até por que é função da escola formar cidadãos conscientes socialmente de suas ações, sabendo explicá-las.
 Portanto, percebemos que o aquecimento é uma atividade essencial a ser praticada antes dos exercícios físicos, pois visa obter o estado ideal psíquico e físico, preparando para os movimentos e prevenindo lesões e, por sua vez, o professor de Educação Física é o agente principal que deve oferecer essas informações a seus alunos.

Referências

 PEREIRA, A.M.; CESÁRIO, M.; O aquecimento corporal em questão, Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S198330832011000400014&script=sci_arttext, acesso em: 26 de julho de 2014.
ALENCAR, T. A.M.D; MATIAS, K.F.S; Princípios Fisiológicos do Aquecimento e Alongamento na Atividade Esportiva, Revista Bras Med Esporte, v.16, n.3, p. 230-234, Mai/Jun, 2010.
NASCIMENTO, B.B.; GARCES, S.B.B.; Educação Física ou rola a Bola? A percepção da comunidade escola sobre a Educação Física, Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd178/educacao-fisica-ou-rola-bola.htm.





[1] Graduanda do curso Licenciatura em Educação Física e Bolsista de Iniciação à Docência – PIBID/UFRB