terça-feira, 14 de outubro de 2014

OS BENEFÍCIOS DO TRATO COM O CONTEÚDO NATAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

OS BENEFÍCIOS DO TRATO COM O CONTEÚDO NATAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Urânia Andrade Fonseca[1]

A prática de qualquer exercício físico é essencial para a saúde do ser humano. Como uma prática corporal importante para o deslocamento no meio aquático, a natação fez-se como prática sistematizada e presente ao longo da humanidade.
Por essa relação tão familiar com o meio liquido, pois temos esse contanto desde o ventre da nossa mãe.  Consideramos que a natação pode ser inclusa na vida dos nossos alunos desde pequeno nos primeiros meses de vida - inclusive, há experiências de natação com recém nascidos.  Além de ser uma atividade física sistematizada, a natação favorece a tomada de consciência da criança em relação ao seu corpo, em relação ao meio, ao grupo e à sociedade.
O trabalho com o conteúdo natação no ensino fundamental pode se constituir como um excelente elemento para iniciar a criança em uma aprendizagem organizada em seu desenvolvimento.  Para que a criança tenha um desenvolvimento adequado, é preciso trabalhar o comportamento motor, cognitivo e afetivo. Conforme Santos (1996), a atividade lúdica, livre e criativa é necessária para que a criança possa atingir seu desenvolvimento pleno, dessa forma, as aulas devem ser divertidas, agradáveis, gerar satisfação e realização.
Ela se torna um conteúdo importante porque proporciona à criança o reconhecimento do seu corpo no meio líquido, bem como melhora a sua aptidão física e a sua relação socioafetiva. Pode-se dizer que o desenvolvimento na água ocorre de acordo com sua maturação, com aprimoramento de seus reflexos e de sua coordenação. Isso faz com que essa criança aprenda de uma forma lúdica a como se comunicar com outras pessoas.
A prática da natação nas aulas de Educação Física no ensino fundamental deve ser inclusa em todas as escolas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os conteúdos a serem trabalhados na Educação Física do Ensino Fundamental estão divididos em três blocos: conhecimento sobre o corpo; atividades rítmicas e expressivas; e o bloco dos esportes, lutas, jogos e ginástica (BRASIL, 2000). A natação encaixa-se neste terceiro bloco, pois se constitui como um esporte, como uma antiga prática corporal apropriada hoje para o lazer ou para a recreação, bem como é considerado um exercício físico dos mais completos. Para Bento (2002), no momento em que interagem com as crianças, os/as professores/as fazem do ambiente lúdico um momento de evolução e de crescimento infantil.
Quando o professor está com o aluno no ambiente liquido, a criança aumenta o veiculo afetivo com o professor, o que facilita o aprendizado, como também, por ser um ambiente diferente do cotidiano, se sente mais segura, com esta presença, para realizar as atividades propostas.
Segundo Monteiro e De Paula (2007, p. 422) o ambiente aquático estimula o desenvolvimento corporal ao provocar movimentos de intensidades e amplitudes diferentes, os quais, muitas vezes, não podem ser efetuados no solo. Para estes autores, a natação atua também no âmbito psicológico, pois proporciona controle do medo à água e, ainda, contribui para a distinção de diferentes objetivos, espaços e pessoas. Crianças na faixa etária entre seis a dez anos de idade (alunos do ensino fundamental) que praticam a natação apresentam desenvolvimento significativo no que diz respeito às suas capacidades motora, afetiva e cognitiva. Este grupo pode ainda explorar e vivenciar suas probabilidades, além de melhorar seu sistema cardiorrespiratório, coordenação, equilíbrio, agilidade, força, velocidade, habilidades, percepção tátil, auditiva e visual, noção espacial, temporal e ritmo, além da sociabilidade e autoconfiança
         Neste sentido, a prática da natação aliada à estimulação de habilidades, respeitando as fases sensíveis da formação, a individualidade de cada um e o ensino adequado e programado, proporciona o desenvolvimento multilateral da criança, contribuindo para sua formação geral bem como para o aprendizado de uma modalidade esportiva que ele poderá praticar no decorrer da vida, seja para o esporte ou para outra modalidade esportiva.
Questões problematizadoras:
Ø  Como tratar a natação como um elemento da cultura corporal? Que conceituações são necessárias para isso?
Ø  Como trabalhar pedagogicamente com a natação de forma lúdica?
Ø  Como adaptar materiais para o ensino da natação na escola?
Ø  Como avaliar as aulas no trabalho pedagógico com a natação?
           
Referências

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física/ Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília. MEC/SEF, 2000.

SANTOS, C. A. Natação: ensino e aprendizagem. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

SELAU, BENTO. O comportamento lúdico infantil em aulas de natação. Porto Alegre; 2002.

MONTEIRO, David; PALMA, Alexandre. . Motivos que justificam a adesão de adolescentes à prática da natação: qual o espaço ocupado pela saúde? , Rio De Janeiro, 2007.



[1] Discente do curso de Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/Centro de Formação de Professores (UFRB/CFP) e Bolsista do subprojeto de Educação Física do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID).

sábado, 11 de outubro de 2014

FUTEBOL É COISA DE MENINO?!


 
Em festa de aniversários é muito comum os presentes se repetirem. Geralmente os meninos ganham bolas e meninas ganham bonecas, mas, por que será que as meninas não ganham bolas, uma vez que, as brincadeiras são práticas que deveriam ser comuns a ambos os gêneros? 

O futebol está muito presente nas brincadeiras das crianças brasileiras. Os meninos começam a jogar bola desde cedo, na tenra idade eles recebem incentivos para a prática despertando a vontade de serem jogadores de futebol, craques e superatletas desta modalidade. 

Por outro lado, as meninas recebem bonecas como presentes para que desde cedo aprendam o exercício do cuidado da casa, de crianças e, assim, possam cuidar dos filhos e serem “donas de casa”. Apesar desta pedagogia cultural intensa não é difícil encontrarmos meninas brincando juntamente com meninos nas ruas, campinhos, becos ou qualquer espaço no qual seja possível “rolar uma bola”. Todavia essas meninas quando desempenham o mesmo papel que exercem nas brincadeiras de rua nos ambientes escolares são classificadas como moleque macho ou machonas. 

O futebol e o futsal assumem papel de destaque na escola por serem modalidades de esporte que a maioria dos meninos se identificam. A mídia enquanto instrumento de divulgação e perpetuação de ideologias exerce grande influência sobre a preferência dos meninos sobre essas duas modalidades esportivas, uma vez que são as mais divulgadas pela mesma. A prática do futebol faz parte do cotidiano dos/das brasileiros/as, esta paixão rotineira invade também os ambientes escolares, sendo assim é comum os professores de Educação Física vivenciarem cotidianamente situações referentes a prática do esporte. 

Os professores de Educação Física ressaltam que, ao entrarem nas salas de aula, os/as alunos/as cumprimenta-os com a seguinte pergunta: “Professor/a vai pra quadra? Vai ter baba hoje?”. Mesmo com toda essa paixão, as meninas ainda são educadas a preferir pular corda ou a assumir o posto da arquibancada que adotavam no início do século XX, onde ficavam “[...] sentadas, abrindo e fechando os leques, sérias, sorridentes, quietas, nervosas, como que ficavam em exposição [...]” (FRANZINI, 2005). Em geral, percebe-se que são poucas aquelas que não ficam de lado e/ou que reiteram a importância da vaidade de não suar, não bagunçar o cabelo, etc. Justificativas para não se entregar àquela aula em que o mais importante é chutar a bola no fundo da rede. 

As mulheres são historicamente ensinadas a assumirem lugares alheios ao da paixão da prática pelo futebol, pois “jogar bola é coisa de homem”. A prática do futebol era proibida ao gênero feminino, como dizia no artigo 54 do Decreto-Lei 3.199 de 1941 “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.” (BRASIL. Lei nº 3.199, 1941.), sendo o futebol considerado como “esporte masculino”. 

Porém através de muitas lutas as mulheres conseguiram seu espaço no esporte. Entretanto essa conquista não foi suficiente para elas serem reconhecidas como capazes de desempenhar uma mesma atividade tão bem quanto os homens. As mesmas são consideradas frágeis e incapazes de serem atletas futebolísticas. 

Ainda prevalece a ideia de que quando as mulheres se destacam no jogo de futebol serem nomeadas pelo nome de jogadores homens: “Olha só a Neymar da escola...”. Mesmo jogando bola tão bem quando os homens, as mulheres não têm seu reconhecimento, infelizmente o machismo ainda entra em campo.



REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 3.199, DE 14 DE ABRIL DE 194.


FRANZINI, Fábio. Futebol é "coisa para macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.25, n.50, Julho/Dezembro, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882005000200012>. Acesso em: 22 de maio de 2014.