terça-feira, 22 de julho de 2014

PARKOUR

Franciele Couto Sandes

 O Parkour é uma manifestação da cultura corporal que teve origem na França nos anos de 1980. Baseando-se no método natural, desenvolveu-se a partir de habilidades desenvolvidas através das atividades rotineiras. O método foi dividido em dez habilidades: andar, correr, saltar, escalar, equilibrar-se, arremessar, levantar, lutar, nadar e quadrupedia. Foi David Belle que fez adaptações de algumas técnicas e passou a se dedicar e treinar os movimentos, ele já havia praticado ginástica e atletismo, o que o ajudou na execução dos movimentos, e não podemos deixar de citar que seus parentes também tinham relação com o esporte. Sua principal brincadeira quando criança foi um dos fatores primordiais para a criação do Parkour.

Minha história começa em Lisses, França, onde, quando crianças, eu e meus amigos simplesmente começamos a seguir nosso desejo natural de correr pular e brincar; encontramos maneiras diferentes de nos locomover pela nossa cidade natal, ao invés de andar nas calçadas como todos faziam. Nós pulávamos em paredes, grades, pequenos postes... Mas, enquanto a maioria das pessoas abandona estas brincadeiras quando chega a idade adulta, nós continuamos. (FOUCAN, 2008, p.05).

            A cidade onde o Belle morava, Lisses (França), era um subúrbio onde havia muita violência. A enorme diferença ente as classes sociais fomentava a gritante violência, presente principalmente nos bairros mais pobres. Isso contribuía para que as crianças se movimentassem com velocidade para protegerem-se da violência existente no local.
Segundo David Belle, “o espírito no Parkour é guiado em artes a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência”.
O Parkour tem como objetivo superar os próprios medos dos praticantes, enfrentar os desafios que surgirem no dia a dia, ultrapassar os muros, os medos, a insegurança, utilizando para isso movimentos naturais do corpo humano, como correr, saltar e escalar, em associação com técnicas específicas que melhoram o desempenho do praticante perante o ambiente, visando pouco gasto de energia e ganho de tempo. Trata-se de uma prática que explora todo o potencial de quem pratica. Há necessidade de desenvolver o corpo que é usado como única ferramenta para a atividade do Parkour.
 De acordo com Bianche apud Cássaro (2008), quem pratica o Parkour ganha o nome de traceur para o sexo masculino, e a traceuse para o sexo feminino. Este nome é derivado de tracer, que significa ir rápido. É essencial para um bom desempenho das atividades terem cautela nos movimentos, é preciso observar três restrições: analisar a capacidade de realizar o movimento, se realmente está preparado; o nível de complexidade que o movimento exige; e analisar o ambiente em que será executado, se é um ambiente rotineiro ou se é um local novo, esses aspectos podem influenciar na segurança e no movimento que será executado.
O Parkour chega ao Brasil por volta de 2004 através da internet, jovens de São Paulo e Brasília começaram a estudar sobre a modalidade, assistiram vídeos na internet criados por Devid Belle e começaram a imitá-lo. Com o conhecimento da modalidade, comunidades foram sendo criadas com o intuito de passar o conhecimento para outras pessoas que se interessassem pelo esporte e, por ventura, quisessem participar. A modalidade enfrentou preconceito da sociedade, os praticantes eram confundidos como vândalos, pois sua prática ocorria em locais singulares e não convencionais. Atualmente, graças principalmente à mídia, o Parkour vem conquistando seu espaço, por ser um esporte novo, que atrai o público jovem. O esporte já vem marcando presença em filmes, em teatro, vídeos na internet e programas televisivos.
O curioso é que as exibições espetaculares do Parkour são um dos principais elementos na popularização dessa prática, inclusive no que diz respeito aos seus ideais de elevação espiritual e filosofia de vida. Incríveis demonstrações de David Belle em vídeos na internet ou em produções ou em produções do cinema, como o que ele protagoniza um filme publicitário de canal BBC ou no filme B13 13º Distrito (em que ele interpreta o personagem Leito), são uma das reconhecidas fontes de disseminação do Parkour. Depois disso, até James Bond, o imortal agente secreto britânico, deu mostras de ter se interessado pela “arte do deslocamento”, como também é conhecido o Parkour. Em 007 e Cassino Royale, Bond valeu-se das técnicas de parkour para perseguir um criminoso, que por acaso, ou nem tanto, é interpretado por Sebastien Foucan. (DIAS, 2011).

Visando a disseminação que o Parkour está tendo, podemos pensar em possibilidades de sua inserção no âmbito escolar. A escola é um lugar que favorece novas experiências, nada melhor que um novo esporte direcionado ao público adolescente, que pode despertar do interesse pelas aulas de Educação Física. É importante ter paciência e fazer as coisas com cautela para que não ocorra nenhum acidente. É preciso tomar alguns cuidados para praticar à modalidade, tais como: usar alguns equipamentos de proteção, capacete, joelheira, cotoveleira, é necessário que esses equipamentos não atrapalhem o movimento das articulações. Ter ao chão tatame para diminuir o impacto em caso de quedas e aprender técnicas de queda podem contribuir para evitar possíveis lesões. A utilização de roupas leves e tênis são essenciais para a proteção do praticante e para um bom desenvolvimento dos movimentos que serão executados.

SUGESTÕES DE VÍDEOS

QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS
·         Através do que você conheceu o Parkour?
·         Quando você pensa em Le Parkour o que vem em sua cabeça?
·         Você acha possível à prática de Parkour na sua escola? Cite as possíveis dificuldades que serão encontradas.

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

BONETTO; P. X. R. “Le” Parkour no Júlio: um relato de “transformação” curricular. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.gpef.fe.usp.br/semef2012/relato_Pedro_Bonetto_Le_Parkour.pdf> acessado em 27 de janeiro de 2014.

CÁSSARO, E. R. Atividades de aventura: aproximações preliminares na rede municipal de ensino de Maringá; Universidade Estadual de Londrina: Londrina; 2011.

DIAS, C. História(s) do Sport: Percurso do percurso. Disponível em: <http://historiadoesporte.wordpress.com/2011/01/24/percursos-do-percurso/> acessado em 27 de janeiro de 2014.

LORDÊLLO, A. F. Abordagem histórico-crítica do Parkour, seu processo de expansão e realidade na cidade de salvador/BA; UFBA: Salvador, 2011.


STRAMANDINOLI, A. L. M.; REMONTE, J. G. MARCHETTI, P. H. Parkour: História e conceitos da modalidade. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – v. 11, n. 2, 2012, p. 13-25.


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