segunda-feira, 4 de março de 2013


Do profissional para o amador no Futebol
                                                                                                                      

         Apesar da relação capital-trabalho ter se naturalizado em quase todas as esferas da vida social que pressupõe algum tipo de trabalho, deve se lembrar que essas transformações no futebol e no campo dos esportes em geral procuram inúmeros conflitos e transtornos ao longo do tempo. O profissionalismo chega na sociedade produzindo valores políticos e econômicos que modificaram a organização do esporte.
A proposta deste texto é trazer a discussão de um dos dilemas vividos por alguns atletas profissionais de futebol nessa última década: o direito de reversão à condição de amador, como um mecanismo para manter-se usufruindo dos benefícios financeiros que o status amador poderá proporcionar, bem como manter o sonho de se profissionalizar novamente em outro momento. 
Em uma edição do Jornal Folha de São Paulo do ano de 1997, trazia a possibilidade de o jogador profissional voltar a ser amador em busca de melhores salários. Como assim? Segundo a reportagem, a cada ano no Brasil, milhares de jogadores abandonam a profissão, onde cerca de mil deles oficializam a decisão pedindo a CBF um registro de jogador amador, o que é chamado de reversão. Mas porque isso estaria acontecendo? No esporte de alto rendimento não é o espaço onde o investimento se encontra em maior número? Também não podemos esquecer a dificuldade de ser um jogador renomado.
Uma das justificativas para essa mudança seria que as ligas regionais estariam apresentando melhores condições de trabalho, possibilitando ao jogador, após ser liberado pela CBF, representar uma empresa nessas competições, da qual poderá oferecer um emprego estável.
As indústrias paulistas, que os contratavam estavam preocupadas com a disputa dos Jogos Operários, “no qual o título rende prestígio para o dirigente da empresa que o conquista.” (FOLHA DE SÃO PAULO, 23-02-1997, p.3). Vejamos que essa situação também era comum nos anos 20. Os sócios endinheirados dos principais clubes empregavam em seus estabelecimentos comerciais os jogadores que faziam parte da equipe de futebol do seu clube (CUNHA s/d: 83). Todavia, naquele momento, o emprego dos jogadores era uma forma de burlar as leis que proibiam que desocupados e desempregados pudessem participar das competições oficiais (PEREIRA, 2000).
Para outros atletas, esse “rebaixamento” possibilitaria mostrar seu futebol de forma mais real, não ficando apenas no time de treino ou com baixa remuneração do salário. Isso nos leva a pensar que o Futebol não é essa maravilha, esse sonho que todos os garotos ou garotas imaginam, e que nos é mostrado pela mídia. São poucos, bem pouquíssimos que conseguem ser reconhecidos nesse mundo futebolístico do rendimento profissional.
Alguns atletas que solicitam a reversão buscam alcançar suas metas em países que têm pouca tradição no futebol, sendo uma nova possibilidade de mostrar seu futebol, se tornar um ser importante na área que atua.
Podemos concluir que o mercado do futebol não se limita as principais ligas e existem outras formas de exercício da profissão que a estrutura, além do mecanismo da reversão demonstrar adaptação diante das relações de trabalho ampliadas pelo mercado do futebol de empresa. 

Maílson Kleber Silva dos Santos; Aluno do 6º semestre em Educação Física/UFRB/CFP

Referência Bibliográfica

SALLES, J. G. C. SOARES, A. J. G. BARTHOLO, T. L. FUTEBOL – “EU NÃO QUERO MAIS SER PROFISSIONAL. QUERO RETORNAR A MINHA CONDIÇÃO DE AMADOR!” QUE HISTÓRIA É ESSA? Foz do Iguaçu. Congresso da FIEP; vol 76 – Série 1. 249-253p, 2006.





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