Do profissional
para o amador no Futebol
Apesar da relação capital-trabalho ter se naturalizado em quase todas as esferas da vida social que pressupõe algum tipo de trabalho, deve se lembrar que essas transformações no futebol e no campo dos esportes em geral procuram inúmeros conflitos e transtornos ao longo do tempo. O profissionalismo chega na sociedade produzindo valores políticos e econômicos que modificaram a organização do esporte.
A proposta deste texto é trazer a discussão de um dos dilemas vividos por alguns atletas profissionais de futebol nessa
última década: o direito de reversão à condição de amador, como um mecanismo
para manter-se usufruindo dos benefícios financeiros que o status amador
poderá proporcionar, bem como manter o sonho de se profissionalizar novamente
em outro momento.
Em uma edição do Jornal Folha de São Paulo do
ano de 1997, trazia a possibilidade de o jogador profissional voltar a ser
amador em busca de melhores salários. Como assim? Segundo a reportagem, a cada
ano no Brasil, milhares de jogadores abandonam a profissão, onde cerca de mil
deles oficializam a decisão pedindo a CBF um registro de jogador amador, o que
é chamado de reversão. Mas porque isso estaria acontecendo? No esporte de alto
rendimento não é o espaço onde o investimento se encontra em maior número?
Também não podemos esquecer a dificuldade de ser um jogador renomado.
Uma das justificativas para essa mudança
seria que as ligas regionais estariam apresentando melhores condições de
trabalho, possibilitando ao jogador, após ser liberado pela CBF, representar
uma empresa nessas competições, da qual poderá oferecer um emprego estável.
As indústrias paulistas, que os
contratavam estavam
preocupadas com a disputa dos Jogos Operários, “no qual o título rende
prestígio para o dirigente da empresa que o conquista.” (FOLHA DE SÃO PAULO,
23-02-1997, p.3). Vejamos que essa situação também era comum nos anos 20. Os
sócios endinheirados dos principais clubes empregavam em seus estabelecimentos comerciais
os jogadores que faziam parte da equipe de futebol do seu clube (CUNHA s/d:
83). Todavia, naquele momento, o emprego dos jogadores era uma forma de burlar
as leis que proibiam que desocupados e desempregados pudessem participar das
competições oficiais (PEREIRA, 2000).
Para outros atletas, esse “rebaixamento”
possibilitaria mostrar seu futebol de forma mais real, não ficando apenas no
time de treino ou com baixa remuneração do salário. Isso nos leva a pensar que
o Futebol não é essa maravilha, esse sonho que todos os garotos ou garotas
imaginam, e que nos é mostrado pela mídia. São poucos, bem pouquíssimos que conseguem ser reconhecidos nesse mundo
futebolístico do rendimento profissional.
Alguns atletas que solicitam a reversão
buscam alcançar suas metas em países que têm pouca
tradição no futebol, sendo uma nova possibilidade de mostrar seu futebol, se
tornar um ser importante na área que atua.
Podemos concluir que o mercado do futebol não
se limita as principais ligas e existem outras formas de exercício da profissão
que a estrutura, além do mecanismo da reversão demonstrar adaptação diante das relações
de trabalho ampliadas pelo mercado do futebol de empresa.
Maílson Kleber Silva dos Santos; Aluno do 6º semestre em Educação Física/UFRB/CFP
Referência Bibliográfica
SALLES,
J. G. C. SOARES, A. J. G. BARTHOLO, T. L. FUTEBOL
– “EU NÃO QUERO MAIS SER PROFISSIONAL. QUERO RETORNAR A MINHA CONDIÇÃO DE
AMADOR!” QUE HISTÓRIA É ESSA? Foz do Iguaçu. Congresso da FIEP; vol 76 –
Série 1. 249-253p, 2006.
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