Questão
de gênero nas aulas de Educação Física
Urânia Andrade Fonseca¹
Segundo Scott, históriadora social
norte americana, feminista, a palavra gênero
é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças
percebidas entre os sexos, que estão ligadas a diferenças biológicas , diferenças essas que são visivelmente apresentadas
nas aulas de Educação Física Escolar, segundo o Coletivo de Autores afirma-se que:
No
que se refere às questões do gênero nas aulas de educação física, isso fica
evidenciado na prática rotineira de se formar turmas exclusivas “de meninas” e
“de meninos”, revelando assim a visão sexista discriminatória entre os sexos
dominante na sociedade e consequentemente na escola que em seu caráter
normativo e seu papel de transmissora de conhecimento também está contaminada
pelo sexismo, constituído em um código secreto e silencioso que molda e
discrimina o comportamento de meninas e meninos, homens e mulheres (COLETIVO DE
AUTORES, 1998).
Meninas e
meninos se organizam nas mais variadas instâncias escolares, mas é na educação
física que essa distinção é salientada repetidamente. Pois, a partir de uma divisão
das aptidões físicas aceitas socialmente, considera-se as meninas
"naturalmente" mais frágeis do que os meninos, justificando, assim, a
necessidade de uma estrutura especial que proteja as meninas da
"brutalidade" própria dos meninos.
Na educação física o que coopera para a propagação de
questões de gêneros é a determinação das atividades que são divididas por
sexos, temos como exemplo a participação das meninas nas aulas onde o conteúdo
a ser estudado será a dança, já em contra partida a participação dos meninos
sempre será quando as aulas forem do conteúdo futebol.
A educação física tem como objetivo
proporcionar a aprendizagem e apropriação dos conhecimentos relacionados à
cultura corporal, e, consequentemente, o possível desenvolvimento das
qualidades físicas e das habilidades motoras, que são iguais aos dois sexos; se
for trabalhado a expressão corporal e ritmo, são para os dois sexos; assim como
a força, a velocidade, ou qualquer outra habilidade ou valência física. O que
não pode acontecer é um dos sexos ser privilegiado em detrimento ao outro, em
relação às atividades a serem realizadas nas aulas, devido às características
físicas predominantes em um sexo. O professor, ao planejar e organizar suas
aulas deve superar as perspectivas sustentadas na aptidão física, que tem este
como principal parâmetro para a Educação Física escolar, e adotar propostas
sustentas no conceito de cultura corporal, onde os diversos conhecimentos,
inclusive os motores, devem ser apresentados a todos os alunos sem distinção de
qualquer natureza.
O professor de educação física com relação
ao gênero deve manter uma postura supostamente neutra, ajudando assim a
formação de uma consciência coletiva de que ser homem e ser mulher atende a
determinados padrões e regras normatizadas na conduta, fechando assim as portas
para diversas manifestações de masculinidade e feminilidade, produzindo assim
atividades praticas estabelecidas como adequadas aos meninos e meninas,
preparando assim aulas onde o desenvolvimento de uma cultura corporal
democrática atue.
¹Graduanda em Licenciatura em Educação Física. UFRB/ CFP
Bolsista no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência
Referências Bibliográficas
COLETIVO
DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez,
1998.
SCOTT,JOAN.W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Educação e Realidade. Porto Alegre, n 20, p.71-100,1995.
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