terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


Questão de gênero nas aulas de Educação Física

Urânia Andrade Fonseca¹


          Segundo Scott, históriadora social norte americana, feminista, a palavra  gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos, que estão ligadas a diferenças biológicas , diferenças essas que são visivelmente apresentadas nas aulas de Educação Física Escolar, segundo o Coletivo de Autores afirma-se que:

No que se refere às questões do gênero nas aulas de  educação física, isso fica evidenciado na prática rotineira de se formar turmas exclusivas “de meninas” e “de meninos”, revelando assim a visão sexista discriminatória entre os sexos dominante na sociedade e consequentemente na escola que em seu caráter normativo e seu papel de transmissora de conhecimento também está contaminada pelo sexismo, constituído em um código secreto e silencioso que molda e discrimina o comportamento de meninas e meninos, homens e mulheres (COLETIVO DE AUTORES, 1998).

           Meninas e meninos se organizam nas mais variadas instâncias escolares, mas é na educação física que essa distinção é salientada repetidamente. Pois, a partir de uma divisão das aptidões físicas aceitas socialmente, considera-se as meninas "naturalmente" mais frágeis do que os meninos, justificando, assim, a necessidade de uma estrutura especial que proteja as meninas da "brutalidade" própria dos meninos. Na educação física o que coopera para a propagação de questões de gêneros é a determinação das atividades que são divididas por sexos, temos como exemplo a participação das meninas nas aulas onde o conteúdo a ser estudado será a dança, já em contra partida a participação dos meninos sempre será quando as aulas forem do conteúdo futebol.
       A educação física tem como objetivo proporcionar a aprendizagem e apropriação dos conhecimentos relacionados à cultura corporal, e, consequentemente, o possível desenvolvimento das qualidades físicas e das habilidades motoras, que são iguais aos dois sexos; se for trabalhado a expressão corporal e ritmo, são para os dois sexos; assim como a força, a velocidade, ou qualquer outra habilidade ou valência física. O que não pode acontecer é um dos sexos ser privilegiado em detrimento ao outro, em relação às atividades a serem realizadas nas aulas, devido às características físicas predominantes em um sexo. O professor, ao planejar e organizar suas aulas deve superar as perspectivas sustentadas na aptidão física, que tem este como principal parâmetro para a Educação Física escolar, e adotar propostas sustentas no conceito de cultura corporal, onde os diversos conhecimentos, inclusive os motores, devem ser apresentados a todos os alunos sem distinção de qualquer natureza.
          O professor de educação física com relação ao gênero deve manter uma postura supostamente neutra, ajudando assim a formação de uma consciência coletiva de que ser homem e ser mulher atende a determinados padrões e regras normatizadas na conduta, fechando assim as portas para diversas manifestações de masculinidade e feminilidade, produzindo assim atividades praticas estabelecidas como adequadas aos meninos e meninas, preparando assim aulas onde o desenvolvimento de uma cultura corporal democrática atue.


 ¹Graduanda em Licenciatura em Educação Física. UFRB/ CFP
  Bolsista no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência 

 Referências Bibliográficas
  
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1998.


SCOTT,JOAN.W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Educação e Realidade. Porto Alegre, n 20,  p.71-100,1995.


Nenhum comentário:

Postar um comentário