Nos dias 06, 13 e 20 de maio desse ano foi
realizada uma oficina intitulada “Futebol e Mídia: Quem determina o jogo?” no
Colégio Estadual Pedro Calmon, e nos dias 30 de maio, 07, 14 e 21 de maio foi
realizada outra oficina intitulada “Maculelê Dança Afro-brasileira: História e
Cultura” no Centro Territorial de Educação Profissional do Vale do Jiquiriçá, tendo
como público alvo nas mesmas alunos do ensino médio, sendo ainda ambas desenvolvidas
por integrantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID) do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB).
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
a Docência (PIBID) que serviu como alavanca deste trabalho visa inserir o
acadêmico de licenciatura no seu futuro âmbito de atuação, que é a escola, além
de contribuir para a melhoria e qualidade das escolas onde esse projeto é
implantado.
Para a elaboração das oficinas realizamos reuniões semanais, retomamos a
leitura que fundamentou nossa oficina que foi a Pedagogia Histórico Crítica,
mais especificamente as orientações didáticas presentes em Gasparin (2007),
onde o mesmo destaca cinco momentos
pedagógicos para o desenvolvimento e aprendizagem do conteúdo, a saber, a
prática social inicial, a problematização, a instrumentalização, a catarse e a
prática social final.
De acordo com o Gasparin (2007) a Prática Social Inicial é momento de
verificar o que os alunos já sabem; Problematização é o momento do primeiro
contato do conhecimento com os alunos; Instrumentalização é o momento em que
serão sistematizados os conteúdos através de recursos didáticos; Catarse é o
momento de ressignificação da prática social inicial e Prática Social Final é o
momento de pensar possíveis ações que traduzirão o que foi aprendido.
Futebol e Mídia: Quem determina o jogo?
A proposta de trabalhar com o tema futebol
surgiu a partir da ideia de que o futebol é um fenômeno nacional e que
atualmente esse esporte vem através da mídia estimular o sonho de ascensão
social de indivíduos ainda na sua fase escolar, e sabemos que no âmbito escolar
o esporte deve ser utilizado como ferramenta pedagógica para promover a
educação dos alunos. Através das discussões e vivencias percebemos nos alunos a
mudança de concepções e conhecimentos de acordo a relação da mídia e o futebol,
refletindo no dia a dia deles.
No
primeiro encontro, foram elencados os seguintes objetivos: Problematizar as
ações da mídia nas diferentes modalidades de futebol e suas implicações na
sociedade; Expor seus conhecimentos a cerca do tema futebol e mídia e Refletir
e discutir sobre o tema proposto na aula. Para sondar quais conhecimentos os
alunos tinham a respeito do tema proposto, fizemos indagações sobre o que eles
já sabiam sobre o futebol e a mídia, buscamos saber também qual a relação do
aluno com o futebol , e a partir desses questionamentos foram surgindo
perguntas similares que nos ajudaram a compreender qual a visão geral da turma
em relação ao tema que propusemos tratar. Por meio dessas indagações realizamos
um debate com os alunos. Nesse debate, foi possível notar que a maioria dos
alunos conheciam pouco dessa relação entre a mídia e o futebol. Eles demonstraram entender a mídia apenas
como um veículo de transmissão das partidas de futebol, e questões como
manipulação de jogos era desconhecido por parte da turma.
Num segundo encontro, os alunos vivenciaram
duas dimensões do futebol: futsal e futebol de rua. Sendo que a proposta era que
os alunos fossem divididos em dois grupos e vivenciassem o futsal de uma forma
oficial e logo depois o futebol de rua, para que no término desta prática fosse
estabelecido um confronto entre estas duas dimensões, identificando a
influência e o espaço ocupado pela mídia nessas duas manifestações. É
importante salientar que houve dificuldades para o desenvolvimento das
experiências práticas, uma vez que a
escola não dispõe de quadra coberta, por esta estar molhada, a aula aconteceu
numa praça em frete /à escola, no entanto, na segunda metade da aula começou a
chover, necessitando ser interrompida e os alunos direcionados para a sala de
aula. Em seguida iniciamos a discussões em grupos, que foram divididos em três
estações/grupos, das quais acontecerão simultaneamente em três salas do
colégio, com as seguintes temáticas: (1)Transmissão (narrador, comentarista,
reportagem), (2)Técnicos / auxiliares e Jogadores (3) Arbitro. Nessas estações
foram discutidos as temáticas baseado em relação ao que são, as suas funções,
objetivos e relação no mundo do futebol. Dividimos os alunos em três grupos
para participarem em forma de rodízio das estações. A dificuldade encontrada
neste momento foi a falta de tempo hábil para realizar o rodízio, sendo desta
forma realizada as estações sem o rodízio.
No terceiro encontro, caracterizou como um
momento em que os alunos, após o confronto do que eles já sabiam com o que foi
discutido, com a mediação dos professores, irão construir um novo sentido para
o tema. Além disso, durante a discussão do tema e ao final da mesma, os alunos
levantaram possíveis ações que eles poderiam fazer após o término da oficina
para que o aprendizado adquirido nessas discussões pudesse ser levado a outras
pessoas. A intenção foi que os alunos, ao final deste encontro, pudessem
construir de forma ressignificada as modalidades de futebol estudadas durante a
oficina; apresentar propostas de inclusão nas práticas de futebol; e discutir
como a mídia tem influenciado nas práticas de futebol e como isso reflete na
escola. Ainda, esta fase foi destinada a sistematização do tema debatido nos
encontros anteriores. Para isso, a turma retomou aos seus grupos para a
realização de uma tarefa que foi elaborar uma proposta de futebol
ressignificado, ou seja, a proposta seria conter elementos que discutimos ao
longo da oficina, trazendo nessas propostas modificações na forma de jogar o
futebol. A proposta lançada foi bem aceita pelo coletivo, os alunos
participaram da discussão levantada pelos professores/as, e elegeram propostas
construtivas que nos deram indicativos de que o conteúdo foi assimilado.



Maculelê Dança Afro-brasileira: História e Cultura
Em relação ao tema dança introduzindo a
discussão do Maculelê traz a ideia de discutir a presença e existência de uma
cultura local que muitas vezes é esquecida, dando oportunidade aos alunos de
conhecer, vivenciar e produzir os próprios materiais da dança, tornando assim
seres reflexivos e autônomos frente a sua prática.
A oficina foi
desenvolvida em quatro encontros de uma hora e trinta minutos. No primeiro
momento, não houve interesse demonstrado por parte dos alunos a cerca do tema
proposto, porém no decorrer do processo constatamos que o interesse da turma
foi aumentando até o final da oficina, os resultados foram muito positivos. Foi
possível identificar que as meninas demonstraram maior interesse pelo tema já
que se trata de Dança e historicamente esse elemento da cultura corporal em sua
essência é uma prática do gênero feminino, os meninos apesar de demonstrarem
certa dificuldade com a assimilação do conteúdo aceitaram o mesmo e
participaram efetivamente das fases pedagógicas desenvolvidas na oficina. No primeiro encontro, sintetizamos o
histórico do Maculelê, buscando informações que os alunos já obtinham e suas
concepções sobre o tema. “É uma dança que utiliza facões”, “tem alguma relação
com o candomblé”, foram alguns dos conhecimentos expressados pelos alunos, além
de outro aluno no momento da exibição de vídeo sobre o Maculelê, fez o sinal da
cruz, sendo uma forma de está relacionando com crenças religiosas.
No segundo encontro nós
confeccionamos, junto com os alunos, a partir de materiais diversos como papel
crepom, TNT (Cami), palha de bananeira, as roupas que poderiam ser utilizadas
em demonstrações de Maculelê.
No encontro seguinte,
nós propusemos as experiências práticas, onde apresentamos os elementos e
técnicas básicas do Maculelê. Os alunos passaram a experimentar esses e outros
movimentos criados por eles em conjunto com os lelês (bastões de madeira). Os
alunos de modo geral se apropriaram rápido destes elementos, assim como se
identificaram bastante com as músicas utilizadas. Foi proposto a formação de
dois grupos que deveriam reunir os elementos vivenciados em uma coreografia,
podendo, inclusive, inserir movimentos de outras manifestações afro-brasileira.
No quarto encontro, nos
preparamos para a apresentação usando as roupas feitas pela turma com nosso
auxílio, e realizando mais um breve ensaio. As apresentações atraíram a atenção
do público presente, que contava com alunos de outras turmas, professores e
membros da direção. Ao final da apresentação, tomados pela euforia, muitos
alunos que assistiram as coreografias pediram para vivenciar a dança. O pedido
foi prontamente atendido pelos alunos que apresentaram, formando um grande
grupo, onde os mais experientes ensinavam aqueles que estavam tendo o primeiro
contato. Ao da oficina, averiguamos que é possível tratar do conteúdo dança no
ensino médio. Os medos e angústias foram, ao longo do processo, superados.
Observamos que a maioria dos alunos se apropriaram de um conhecimento novo,
fato que contribuiu para romper paradigmas e preconceitos até então existentes,
subsidiando uma nova prática social, além de alimentar o interesse pela Dança,
tanto de meninas quanto de meninas. Os alunos compreenderam o significado da dança e
da oportunidade de vivenciá-la, através do Maculelê, tendo sido estimulada a
criatividade e aquisição de novos conhecimentos.


